A Última Fortaleza



- LIGAÇÃO RESTABELECIDA -
 

"Tenho recebido relatórios de avaliação desta ligação... Ao que parece, alguém está a receber isto. Fico feliz... Ainda há esperança! Passem esta ligação se a receberam, por favor! Temos que encontrar o Kyrian de novo... Está na hora de retomar a história que tenho para vos contar."


-Procedendo à descarga de ficheiro 001.rg8-
>>Descarga Incompleta. 

>>Nome de ficheiro: A Última Fortaleza (1ª Parte)

-Em reprodução-


                No início do século XXII, depois da 3ª guerra mundial, uma assembleia-geral com todos os representantes das nações unidas, reunidos com os líderes políticos de todos os países decidem fundar a primeira mega metrópole na antiga Federação Russa. Movem-se mundos e fundos de todo o planeta para o local e um super território é criado, potenciado com várias centenas de geradores, habitações e atracções contemplando uma imensa variedade de ambientes artificiais. Passados 50 anos, a capital estava concluída com todos os reactores de energia operacionais, construída a partir das cinzas de uma civilização que não muitos anos atrás, tinha sido uma das maiores potências energéticas da Europa.
                África, Ásia e Europa, são “esvaziadas” lentamente para dentro do forte. Contudo, o que para alguns era a esperança de um mundo novo, repleto de novas possibilidades, para outros era o exílio, a limitação das outras partes do mundo. Em 50 anos, vários são os presidentes dos E.U.A. que vão habitando a Casa Branca e quando é feita a proposta para que a América seja lentamente evacuada para a mega metrópole, o Presidente Norte-Americano revela-se desinteressado em continuar a apoiar o que os seus antecessores acederam, dizendo que seria escolha do seu povo e não dele.
                A discórdia reinava agora em todos os povos, “Se os americanos podem escolher, porque é que nós não podemos?”: Esta era a frase que se propagava de boca em boca. E não foram precisos 5 anos, para destruir o que se construiu em 50. Em resposta ao caos instalado na Quimera (assim se chamou a primeira fortaleza), os seus líderes iniciaram aquilo que mais tarde veio a ser considerada a decisão mais estúpida da história da humanidade: Ano 2172, Quimera, a primeira mega capital, fundada no âmbito da paz mundial, decide tomar um regime opressivo com os seus habitantes, forçando assim ao acalmar dos ânimos. Contudo, ao saber que parte do seu povo que tinha sido levado para a Quimera, estava agora a ser maltratado e aprisionado, o Presidente Norte-Americano lança um ataque contra as fronteiras da metrópole. Uma área de 20 quilómetros de betão e metal é mandada abaixo, facultando a saída de todos os que quisessem evadir-se da cidade.
                E quando parece que a calma é finalmente instaurada através da evacuação daquela que seria a melhor e maior cidade do mundo, o mundo sofre catastroficamente: Ano 2178, os líderes da Quimera revoltam-se contra a Casa Branca. Planeiam um ataque biológico aos Estados Unidos que é executado um ano mais tarde. A maioria dos líderes americanos morre, inclusive o próprio presidente. Os mísseis que rebentaram, tinham um efeito absolutamente nocivo: Mesmo fora do alcance das explosões, os elevados níveis de radiação, sentidos até centenas de quilómetros de distância, destruíam quaisquer células vivas, ou danificavam-nas gravemente…
                São rapidamente criados grupos organizados de maneira a impedir que os líderes da Quimera continuem a usar a enorme força destrutiva que possuem. Ano 2180, início da 4ª Guerra Mundial, a chamada guerra dos elementos. A Quimera é totalmente restaurada e passa a ser encarada como um campo de concentração. Os seus líderes vivem no extremo sul, isolados do resto da população, gozando de todos os bens que a natureza artificial podia oferecer enquanto que, a norte, milhares de pessoas elaboravam trabalho escravo sem acesso a comida, medicamentos e como é óbvio, sem poder saír. Ao tentar impedir isto, as novas potências criadas em Tokyo criam um acordo entre si, prometendo proteger todas as pessoas que se juntem na fundação da nova mega metrópole. Os elementos decidem criar um plano de ataque aos líderes da Quimera em pleno secretismo. Desenvolvendo a mais alta tecnologia coreana, os elementos treinam secretamente, durante anos a fio, uma nova geração de combatentes, geneticamente modificados. Vários desses espécimes, não resistem às alterações metabólicas, morrendo, contudo, um grupo restrito, consegue resistir, sendo o exército mais altamente eficiente no cumprimento das missões que lhes são designadas. Ano 2199. Os elementos perseguem os líderes da Quimera, conseguindo capturar os principais, inclusive o alegado líder dos líderes. Descobre-se que todo o planeamento da Quimera teria sido feito para eliminar em massa toda a população, deixando a terra livre de todas as raças imperfeitas e criando a super raça. Ano 2200. A 4ª guerra mundial termina com a morte do supremo líder da Quimera e a dissipação de todos os outros líderes. É terminada a fundação da nova mega metrópole em Tokyo. Em homenagem aos Americanos é dado o nome de Nova-Tokyo, mas este cai em desuso e rapidamente os jovens a começam a tratar por Neo-Tokyo.
                A paz instala-se lentamente no planeta… As estimativas apontam para que cerca de dois terços da população humana tenha morrido, um número assustador, mas é então que o sistema de satélites de Neo-Tokyo detecta vida perto da localização daquilo que outrora tinha sido a Casa Branca. A multidão festeja a vida no planeta e é enviada uma frota de salvamento para lá, com a missão de trazer todos os humanos com vida encontrados…
                Passadas duas semanas, da frota de 20 aviões, regressam apenas 3: Os mísseis biológicos da Quimera iam muito para além de radiação tóxica. Esta mesma radiação reanimava lentamente os corpos e transformava as células vivas em componentes radioactivos, com auto-controle próprio. A vida detectada no continente norte-americano era a de cadáveres ambulantes, que procuravam alimentar-se de tudo o que tivesse células animais, necessárias ao funcionamento do organismo. Cerca de 100 pessoas foram comidas vivas e os sobreviventes, apressaram-se a voltar para contar aos líderes da Neo-Tokyo. Uma nova raça tinha surgido da putrefacção viva do ser humano: Os Hule. E as notícias eram ainda piores que as esperadas… Os Hule vinham a caminho da Neo-Tokyo, através do Estreito de Bering, que tinha ficado desimpedido das correntes de água desde os ataques biológicos. As estimativas seriam que os Hule, chegariam em menos de dois anos. Os líderes não se mostraram preocupados, porque as defesas de Nova-Tokyo estavam em alta e nada conseguiria entrar, nem sair. E foi então que um dos sobreviventes não resistiu aos ferimentos graves e morreu… Ressuscitando como Hule 20 minutos depois.
                Levou com ele cerca de 40 pessoas, sendo que todos eles tiveram de ser incinerados, para garantir o estanque da doença… A fantasia levava as pessoas a acreditar que bastava uma mordida para que o corpo se transformasse e bom, na maioria dos casos assim era, contudo, os cientistas descobriram que a transformação não se dava através de um vírus, mas de uma exposição a uma radiação rara, criada com o míssil. Todos os que não tinham estado em tempo de contacto suficiente com a Quimo-Rad, não eram transformados. Posto isto, não seria necessário respirar gases, ser mordido, ingerir algo. Apenas que uma fonte de Radiação Quimera entrasse em contacto com o organismo vivo durante algum tempo, dependendo da resistência de humano para humano.
Os Hule cercam toda a Neo-Tokyo, mas não conseguem atravessar as barreiras da Mega Metrópole, contudo o grande número de Hule aglomerados, começa a ser suficiente para que a radiação conjunta, atravesse as barreiras da fortaleza passados cerca de 450 anos: Fortificações de Neo-Tokyo começavam a ficar frágeis, para não falar que a população humana lentamente começou a ficar apertada nas barreiras da fortaleza. Entretanto, dão-se os primeiros casos de exposição a Quimio-Rads. Os antigos elementos são convocados e uma nova missão surge: Proteger Neo-Tokyo, exterminar os Hule. A tecnologia evoluía e agora os heróis caídos no esquecimento da maioria, agiam entre a multidão de maneira quase imperceptível, sempre que necessário.
Mas 450 anos depois, descendentes dos antigos líderes da Quimera vêm reclamar o que julgam ser seu por direito e alimentar as suas “crias”. Ganham novos nomes: “Os pais dos Hule”, “Os Imortais”, “Os Mensageiros da morte”. Através de um ataque aéreo, as barreiras de Neo-Tokyo são mandadas abaixo, como centenas de anos atrás fizeram com a Quimera. Os Hule invadem a cidade e é dada a ordem de evacuação imediata da cidade. Os altos regentes denominam que os Hule deveriam ser atraídos para a cidade, garantindo do lado oposto a evacuação da população, por Harbenia. Assim que todos os elementos tivessem sido evacuados, juntamente com toda a população possível de salvaguardar, iniciar-se-ia um ataque plasmo-nuclear em massa, erradicando tantos Hule quanto possível.
Planeta Terra. Localização: Área próxima do antigo Deserto de Cholistão, estado do Paquistão. Antigo Forte de Derawar. 20 anos depois da grande bomba. Actual denominação: Forte Alfa-Cron. A população humana foi reduzida a cerca de 5 milhões de indivíduos, cerca de 16 vezes menos que no inicio do século. Estimam-se cerca de 100 milhões de Hule espalhados pelo planeta Terra.
- Mas o ser humano é absolutamente imprevisível e reage das maneiras mais distintas aos desastres que lhe sucedem… e hoje em dia, bom… hoje em dia o resto da humanidade, não tem muitos dos princípios primordialmente aplicados aos humanos…
Dentro de uma sala com textura metálica, num cubículo com uma vista para uma enormíssima cidade, estava um homem a falar à medida que caminhava de um lado para o outro. Olhava para fora pela parede envidraçada e via uma cidade movimentada.
- Hoje em dia, o Homem já se esqueceu do que perdeu, da sua própria espécie, tornada uma das suas maiores inimigas…
Abrindo a mão para o vidro, este iluminou-se como um ecrã e mostrou diversos spots da cidade, em que o movimento era uma constante, quer por terra ou pelo ar, nada nem ninguém teria sido capaz de prever tamanha ironia à vida.
- Parecemos insectos presos num jarro, indefesos a ataques exteriores, sem ser este enorme escudo que impede entradas e saídas do exterior… O que a raça humana foi… e o que ela é… - O homem fez uma pausa, sentando-se na sua cama – Tellason, o Ian vem aí, desliga-te.
O ecrã voltou a tornar-se num enorme vidro, mostrando uma cidade repleta de vida, cor e movimento, ocultando os verdadeiros sentimentos daquele pobre velho. Um segundo depois entra de repente um jovem sorridente, de cabelos compridos e pontas azuis na sala.
- Oláááá avô! – Disse animado o rapaz – Olha o que trouxe para ti!
Fechando lentamente a porta e trancando o fecho, o rapaz retirou da sua mala um enorme recipiente que abriu em frente daquele homem. Estava completamente cheio de bolos com um aspecto delicioso, com um cheiro que cercava o cubículo.
- Nem imaginas o que foi, passar pelas enfermeiras com esta caixa… - Disse o rapaz – Por isso vê lá se os escondes bem, ou se os comes depressa!
O velho riu-se olhando para todos aqueles bolos e para a cara do seu neto.
- Ai Ian, tu não existes, estragas o teu avô de mimos… - O velho levantou-se e abraçou o seu neto…
- Oh… Não foi nada de especial avô, já nem preciso que me peças para trazer…
- Sim, é verdade, mas diz-me… - O velho pousou a caixa de bolos sobre uma mesa ao seu lado – Eu sinto que me vieste falar de algo mais que os bolos, estarei enganado?
O jovem suspirou e deixou-se cair sobre a cama do avô olhando para o tecto…
- Os Dilan… Vão realizar uma exposição… Jóias de família, montes e montes de dinheiro… E os de lá debaixo a passarem fome – Disse em tom de desabafo…
A expressão do homem ficou mais séria…
- Não Ian… Quantas vezes já te avisei… Tu não podes estar-te sempre a expor… já imaginaste se te descobrem?
- Mas avô…
- Nem avô, nem meio avô! Não permito que andes a roubar como um fora da lei!
O rapaz sentou-se na cama, virado para a parede, de maneira a evitar o olhar do avô… agitou os pés e mordeu o lábio a tentar conter-se para não dizer algo desagradável.
- Claro Henry… Claro.
O velho imediatamente perdeu o seu ar altivo, olhando para o seu neto revoltado. No fundo ele até estava certo, as leis nunca tinham sido justas naquela cidade e o seu neto era dos poucos que fazia justiça.
- Ian… tenta perceber o teu avô.
- Não me chamo Ian, chamo-me Kyr…ian… - Disse sílaba a sílaba controlando a sua agressividade – E o Henry sempre me disse que devíamos ser justos e que esta cidade não repartia as oportunidades e riquezas de maneira equilibrada, que alguém devia restituir esse equilíbrio.
 

- LIGAÇÃO INTERROMPIDA-
- TENTATIVA DE LIGAÇÃO EM 2 DIAS - 

Posted by Kane Blitwun |

0 tentativas de conecção:

Enviar um comentário