[Mensagem Desconhecida]



          


-Exorber Software-

 >>Mensagem Interceptada



- Reprodução Auditiva de Mensagem -
- Conversão Audio em Texto -



-Sinal DTMS (value=elementos)-
-Onda Senoidal-
-Voz recodificada acompanhada por ruídos de fundo-
-Reconhecimento de ruídos activado = O ruído pertence a Hules-

"Olá ao Kane, à Cynthia, a todos os outros amiguinhos do Kyrian e às outras pessoas que estão a ouvir (...) eu tenho uma mensagem para vocês. É melhor desistirem e fugirem enquanto podem, porque no que depender de mim, jamais voltarão a ver o Kyrian. Os Hules desejam-vos cumprimentos."

- INTERCEPÇÃO TERMINADA -
- TENTATIVA DE LIGAÇÃO EM 1 DIA -

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Morte ou Redenção



- LIGAÇÃO RESTABELECIDA -

"Acho que a Cynthia não percebe a gravidade da situação... Talvez seja melhor recordá-la o porquê de estarmos a fazer isto...e o porquê de todos juntos estarmos a tentar encontrar o Kyrian: para evitar que os momentos seguintes se voltem a repetir em massa..."


- Iniciando a descarga de ficheiro 003.rg8-
>>Descarga Concluída. 

>>Nome de ficheiro: Morte ou Redenção

-Em reprodução-

 
                Um enorme jacto circular sobrevoava a torre Ómega.
                - Dêem início à missão – Disse um homem que observava tudo via satélites, por detrás de um ecrã gigante. Estava elegantemente vestido com um fato preto, contrastando com o cabelo branco, mas rosto absolutamente jovem, aparentando ter pouco mais que vinte anos.
                “Sim senhor! E o que fazemos com o Espectro?” – Respondeu através do auricular.
                - Não nos é útil, executem-no – Disse o homem apático.
                “Mas senhor… Ele já foi nosso superior, não podemos…”
                - Vocês são a unidade de elite Exorber, estão a usar os meus equipamentos, e têm total inibição de legislação, por estarem a trabalhar para MIM. – O homem fez uma pausa, respirando fundo e olhando para as unhas – Preciso dizer mais alguma coisa?
                Do outro lado do auricular, ouviu-se um disparo e um gemido.
                “Ordem cumprida, senhor. Aguardamos instruções”
                - Mas quantas vezes é preciso vos repetir a mesma coisa, seus idiotas? – Poisou os pés sobre a secretária e olhava para o tecto proferindo de cor as instruções. – Um, aterrem a porcaria da Zarpun; Dois, evacuem as pessoas; Três, executem todos os que ficarem à excepção de; Quatro, os tipos que têm de trazer. que são; Cinco, o neto do velho e os amiguinhos;
                “(…) Compreendido. Transmissão terminada.”
                - Inúteis… Esperem só até…
                - Ora, ora… - Disse alguém, colocando as mãos sobre os ombros do homem – Tens de te acalmar meu querido Zeph… Estás tão tenso!
                - Scarlett, o que é que estás aqui a fazer?
                A sedutora mulher, rodeou a cadeira, passando as pernas descobertas em frente à cara de Zeph. Pela maneira como caminhava, parecia que desfilava numa passerelle, exibindo todo o corpo que não estava coberto pela seu curto apertado vestido vermelho.
                - Saber de novidades, como corre o processo?
                - Dentro de pouquíssimo tempo, vais-te reunir com família chegada – Disse Zeph extremamente sorridente, revelando tanta ironia quanto possível.
                - Sério? – Sorriu – Mal posso esperar.
                Na torre Ómega, acabavam de saltar as tropas da Exorber.
                - Activem as NanoCell! – Disse o comandante da unidade.
                Os fatos da unidade passaram de pretos carbónicos para um azul translúcido, como se um líquido fluorescente estivesse a ser bombeado pelo corpo dos tropas. Todos os vinte tropas colocaram dispositivos de fixação no topo do edifício ligando cabos ao fato e foram por ordem saltando do topo do edifício em direcções opostas, de braços esticados. Ao se aproximarem dos vidros, enrolaram o corpo, formando uma bola. O impacto destes nos vidros previamente estalados, foi o suficiente para quebrá-los e facultar a entrada das unidades no edifício. A missão começava agora.
                A caminho da sala 7, Kyrian ouvia estrondos em todo o edifício, mas não podia parar, tinha de chegar à sala o mais rápido possível. “Estou a chegar, assim que entrarem, saltem o mais alto que conseguirem e deslizem pelo chão, activei o sistema de segurança!” Enviou Kyrian. Entrou na sala e um alarme disparou, activando lasers que começaram a rodopiar pela sala. Acontecesse o que acontecesse, era melhor que nada nem ninguém tocasse nestes lasers. Sem hesitar, Kyrian saltou por entre dois lasers e enrolou-se ao cair, deslizando por entre um conjunto de cinco lasers. Estava agora encostado à janela, onde conseguia ver a parte sul de toda a cidade.
                Imediatamente a seguir, a porta rebentou saltando de lá os três amigos de Kyrian. Antes de entrar, Celine descalçou rapidamente os saltos e atirou-os com toda a força contra o segurança que os perseguia.
                - Este há-de ser o contacto mais íntimo que tiveste com uma mulher, seu palhaço! – Riu-se Celine, fazendo um pino por entre dois lasers, seguidamente de um mortal à retaguarda, mas ao bater com os pés no chão, deslizou, indo com a cabeça de encontro a um laser.
                - Celine! NÃO! – Lance agarrou-a no salto que estava a executar puxando-a para trás, contudo era tarde demais, os cabelos de Celine tocaram no laser, e consequentemente estes foram cortados e um alarme disparou e desceu por cima das cabeças dos três amigos uma metralhadora giratória – apontada para a porta, em direcção a Trace.
                - TRACE! TRACE, BAIXA-TE! – Gritou Celine, mas era tarde demais, o sorriso que ainda restava na cara de Trace, desvanecia agora à medida que este era brutalmente alvejado pela arma que Celine tinha activado.
                Trace deixou cair o que tinha retirado dos pilares, objectos que rodopiavam por entre os lasers e caindo aos pés de Celine, que entrou imediatamente em choque.
                - TRACE! – Gritou Celine correndo para ele, mas segurada por Kyrian que sem pensar duas vezes a puxou para si, evitando que também esta fosse alvejada pela arma que se encontrava no tecto, ficando no ângulo morto da mesma. Celine gritava e chorava como se tudo o que ela tinha, lhe tivesse sido retirado. De facto, assim era, o primeiro e único homem que Celine tinha amado até ali, acabava de morrer, por um erro milimétrico, cometido por si mesma.
                Kyrian observava congelado a imagem do seu amigo a esvair-se em sangue, tentando desviar o olhar da imagem que o aterrorizava e ao mesmo tempo o consumia.
                - Temos de fugir – Disse Lance apanhando rapidamente tudo o que conseguia do chão, restando apenas uma caixa que estava no centro da sala, bem ao pé da mão de Lance.
                - Não… Vocês têm de fugir! – Activando o intercomunicador do braço Kyrian tocou com a mão no vidro que estava à frente deles e aguardou, segundos mais tarde o vidro explodiu fazendo com que toda a sala fosse devastada com uma gigante corrente de ar, pela altitude em que estavam. De repente a mota de Kyrian, tornou-se visível e nela colocou Celine – Vai com ela Lance, eu tenho de recuperar o Trace, por ele… por ela…
                Lance olhou para Trace uma última vez e assertivo olhou para o Kyrian, assentindo com a cabeça e montando a mota, saltando para fora do edifício. Dois segundos depois os seguranças estavam em frente à porta com armas de atordoar apontadas a Kyrian e sem hesitar, ambos dispararam.
                “Kyrian…. Muahahaha… Ian Ian? Ian Ian? KYRIAAAAAAANNN” Proferiu de novo a voz que ecoava dentro da cabeça de Kyrian e de novo as vibrações percorreram todo o seu corpo.
                - Não… Não agora… - Kyrian olhou para as balas atordoantes a dirigirem-se a alta velocidade contra Kyrian, mas este agilmente passou por entre as duas – Não desta vez… - Olhando para cima, saltou, pendurando-se na arma e com toda a força que tinha, conduziu uma vez mais as vibrações pelos braços, mas desta vez, de olhos bem abertos, e foi então que pode observar, os seus braços a ganharem um tom vermelho e depois azul, e enormes faíscas a percorrerem a arma, tornando-a inutilizável, e derretendo das altas temperaturas a que estava a ser submetida. Contudo, não fora a arma a única coisa que se tornara inutilizável: Também o seu intercomunicador tinha esturricado no seu braço.
                Os guardas olharam assustados e ao verem aquela cena, estremeceram e abandonaram o local a correr, ficando o seu amigo no chão, morto e mais à frente, uma caixa de madeira perfeitamente ornamentada.
                - Trace… - Kyrian ajoelhou-se olhando para o rosto pálido do seu amigo. Este, mexeu brevemente os dedos, segurando a mão do amigo.
                - Promete… - Trace abriu com dificuldade as pálpebras e tentou fixar Kyrian, que o olhava aterrorizado e nervoso – Promete… cuidar… - Disse com uma voz muito trémula.
                Kyrian abraçou o amigo, nunca tinha lidado tão perto com a morte como agora. Sem se conter, deixou lágrimas caírem pela sua face.
                - Eu juro que nunca ninguém lhe vai fazer mal, ouviste Trace? – Mas o amigo já não respondeu. Kyrian colocou a sua cabeça no peito do seu amigo, coberto de sangue, e ouviu o pulsar do coração a desvanecer – Vai em paz, eu asseguro-me que ninguém irá magoá-la.
                Kyrian retirou o intercomunicador do braço de Trace e substituiu o seu. Levantou-se pegando na caixa, guardando-a no seu fato. Passo a passo afastou-se dos restos mortais do seu melhor amigo. Colocou a mão apontada à janela partida e a mota de Trace apareceu. Kyrian caminhava para a janela, mas de repente na janela ao lado deu-se um estoiro e rebolou um dos tropas da Exorber.
                - Não vais a lado nenhum – Disse apontando a mão na direcção de Kyrian e deflagrando uma bola de energia pelo corpo de Kyrian que caiu imóvel no chão – Tenho o alvo principal imobilizado. Estou na ala sul do edifício, sala 7 – Disse o homem olhando em redor.
                Kyrian recuperou os movimentos e sem pensar duas vezes, atirando o tropa para o chão e sentindo a vozinha de novo a proferir “Ian, Ian, Kyrian? KYRIAAAAAAN” Antes que fizesse algo, Kyrian atirou o painel de braço do Trace para o lado e agarrou na cabeça do Exorber com toda a força, fazendo com que esta explodisse.
                Agarrou novamente no painel de Trace sem esperar mais e saltou pelo edifício, agarrando-se à mota e avistando a sua mota com os seus dois amigos e bem por cima de si, uma gigantesca aeronave.
                “Ajuda-me Trace…” Pensou Kyrian, colocando as mãos na caixa da mota. “ACTIVAR 4 TURBINAS?”
                - ACTIVAR – Berrou Kyrian indo de encontro aos amigos que estavam na sua mota a pairar perto de outro edifício. Da nave saíram 5 Viperons, que foram de encontro a eles.
                “Desce ao nível do solo, tentem dissipar-se, encontramo-nos no esconderijo!” Enviou Kyrian, enquanto estava a ser seguido pelas motas. Revirou a mota para a frente, fazendo um mortal e fazendo com que a mota seguisse em frente. Em queda livre, activou o controlo remoto da mota que em modo invisível o foi buscar, desaparecendo da frente das motas, evaporando-se entre a multidão.
                “Comandante Zeph, comunico” Chamou o chefe dos Exorber.
                - Não comunica nada seu palhaço, eu já vi a merda que fez – Disse Zeph retirando os pés da secretária e olhando para o ecrã – Retirem a porcaria da Zarpun daí e voltem imediatamente para a base.
                - Não… - Disse Scarlett sorridente e encostando-se junto a secretária olhando para a projecção. - Vimos duas motas a fugir do edifício… Um deles morreu, e uma ia à boleia, parece-me mais que óbvio o que vai acontecer, não? – Scarlett inclinou a cabeça para trás olhando para Zeph ao contrário.
                Zeph caminhou sorrindo e sentando-se ao lado de Scarlett na mesa.
                - De facto… - Confirmou passando a mão pelo cabelo de Scarlett, que o ignorou por completo – Retirem a Zarpun, mande os tropas para casa, você fica, mantenha-se invisível no tejadilho. Eles vão voltar para ir buscar uma das motas.
                - Andas bom em matemáticas… Se eles eram quatro e fugiram dois, engoliste uma mota pelo caminho?
                - A que ia à boleia – Zeph tocou na parede projectada e arrastou a imagem para trás, ampliando a figura de Celine – Estás a ver isto? – Ampliou para o braço e deu um toque sobre o circuito que estava ao braço da rapariga. Automaticamente um menu de especificações do objecto apareceu revelando o ponto que Zeph se focava.
                - Um intercomunicador… - Scarlett puxou o seu corpo para cima da mesa e cruzou as pernas balançando-as para a frente e para trás – Que é que tem?
                Zeph olhou com desdém e caminhou para a secretária tocando no rebordo da mesma e fazendo abrir uma comporta no centro da mesa que revelou um disco metálico ornamentado.
                - Auto-Peron modelo 5.4 – Zeph colocou-o sobre o pulso e carregou no centro do disco, que se deformou, alastrando para todo o pulso e transformando-se numa bracelete com um ecrã digital, com todo o tipo de ferramentas virtuais.
                - Sabes que máquinas nunca me impressionaram.
                Zeph apontou o braço para o lado de Scarlett e um segundo depois uma Viperon preta metalizada com rebordos vermelhos escarlates aparecia do nada.
                - HEY! – Scarlett saltou e olhou para Zeph e logo a seguir para a mota fazendo-lhe uma festa e pulando sobre ela – Como é que chamaste a minha Vipe?
                - Com o mesmo que ela vai chamar a sua, com o Auto-Peron, só precisas registar os códigos das Viperons no dispositivo e ele passa a controlar automaticamente – Zeph fez uma pausa, voltou a premir o botão central do dispositivo e este voltou ao mesmo disco inicial, que cautelosamente Zeph guardou na comporta, trancando-a de seguida.
                Scarlett deitou-se sobre a mota e ficou a olhar pensativa para Zeph.
                - Sim Scarlett, eu tenho os teus códigos da Viperon, de facto, eu tenho os teus códigos de tudo, desde que trabalhas para mim – Sorriu, virando costas.
                - Devo ficar surpreendida? – Scarlett deu uma volta sobre a mota e deitou-se de barriga para cima olhando para o enorme tecto da central – Mas de facto, isso dá-me uma ideia… Se estiveres disposto a brincar a um jogo comigo, claro – Scarlett riu-se, cativando o interesse de Zeph.
                - Um jogo, é? – Zeph olhou para Scarlett que fazia mais uma nova posição em cima da mota – Que tipo de jogo estás a falar?
                - És um crânio, não és? – Scarlett pulou da mota e aterrou sobre as suas botas de plataforma no chão, perfeitamente equilibrada – Então saca os códigos daquelas motas aos putos, isso vai-nos dar um seguro que se os teus fieis e idiotas colaboradores falharem, nós conseguimos localizá-los através deste “AutoTron” ou lá o que é.
                Zeph olhou para a imagem captada dos satélites e depois olhou para Scarlett a sorrir.
                - Não é mal pensado, não senhora. – Scarlett fingiu o gesto de uma vénia colocando uma bota atrás da outra, curvando-se para a frente e inclinando os braços para trás, salientando o seu decote. Zeph aproximou-se da secretária e repetiu o esquema para retirar o intercomunicador – Vou precisar de uma boleia, visto que o meu foi para arranjar.
                Scarlett olhou para Zeph calmamente e caminhou em direcção à mota. Colocou o capacete que estava em cima da caixa de acesso e colocando uma mão na lateral, activou uma comporta lateral da mota que se abriu, saindo outro capacete que atirou para Zeph.
                - Estou surpreendido, uma tresloucada como tu usa capacete? – Riu-se Zeph enquanto colocava o seu.
                - É só para não levar com mosquitos – Respondeu Scarlett activando a caixa de reconhecimento com a sua mão e fazendo a sua mota pairar no chão – Vais ficar aí especado ou vais-te despachar?
                - Mantenha-se Invisível Kane, mande os outros embora, eu vou para aí – Zeph saltou para cima da mota e usando o intercomunicador abriu uma comporta na sala de comandos onde estava que dava para o exterior: 120 pisos acima do solo e a várias milhas de distância da torre Ómega, a Viperon negra arrancava nos céus da cidade.
                Quatro horas depois: Subúrbios de Alfa-Cron. A parte velha da margem sul da cidade. Uma escadaria junto a um prédio dá para um piso subterrâneo, com uma porta blindada. Dentro da sala encontra-se Lance, verificando dados num ecrã e olhando intermitente para Celine que tinha adormecido depois de um calmante.
                - Vais lá voltar, não vais? – Disse Lance para Kyrian, que estava sentado ao lado dela, recordando o que vivera até ali.
                - Sim, preciso de recuperar as motas, caso contrário, ficamos expostos. Melhor empacotares isto tudo – Lance olhou por detrás dos óculos para Kyrian, observando atentamente o que ele dizia – Vão procurar-nos aqui, demorámos demasiado tempo a sair do edifício, a nossa cara em pouco tempo vai estar espalhada por aí. Os poucos que nos protegem em breve serão apertados.
                - E tens alguma ideia para onde vamos? – Questionou Lance levantando-se da cadeira e olhando para o mapa de Alfa-Cron.
                - Nenhuma… Não há sítio longe o suficiente dentro desta prisão de betão…
                - Não comeces – Disse Lance tocando no mapa e ampliando certos locais, estudando-os atentamente – Não é o momento para voltarmos à discussão sobre sair daqui. Não é.
                - De facto… Ouviste falar na echo?
                Lance ignorou a pergunta e continuou a estudar os mapas, procurando por algo.
                - Eles vão sair do planeta, vão procurar outros… Sair para fora do Alfa-Cron, para fora do planeta, não tens curiosidade?
                - Sim e não… - Lance tirou os óculos, massajando as pálpebras, voltou a colocá-los e aproximou-se do amigo – Conversamos mais tarde sobre isso, por agora temos mais que fazer… Já verificaste se o que trouxemos não tem localizadores?
                - Não – Disse Kyrian ajoelhando-se sobre as mochilas e retirando tudo para fora. A caixa de madeira caiu no chão e imediatamente isso chamou a atenção, fazendo-o lembrar do amigo morto no chão.
                - O que é isto? – Lance agarrou nela e examinou-a – Isto é madeira… Não dá para derreter e ninguém vai aceitar comprar isto para nada. É melhor desfazermo-nos disto.
                - Não, isso é meu. O Trace tinha-o na mão.
                Lance calou-se e colocou a caixa sobre a mesa ficando a olhar para o resto das coisas.
                - Hey, olha! – Lance apanhou uma jóia do chão e olhou para a caixa e viu um símbolo que se parecia tal e qual com a pedra que tinha na mão.
                Kyrian olhou e tirou a pedra da mão de Lance.
                - Preocupa-te com os localizadores, eu fico com isto. Vou buscar as motas. – Kyrian retirou os intercomunicadores do braço e atirou-os para Lance. Lance fixou o intercomunicador esturricado.
                - Um: Tens a certeza que queres ir sozinho e sem um destes? Dois: Que raio aconteceu ao teu intercomunicador?
                - Um: Sim, no caso de ser apanhado não vos localizam e dois: É uma longa história, que nem eu ainda percebi, vou levar a mota do Trace, logo falamos, se não estiver aqui até ao anoitecer, explode com isto e vai-te embora. Encontra o meu avô e avisa-o disto, ele está no 3rd Paradise, na ala dos pacientes terminais.
                Lance não fez mais perguntas, assentiu e retomou ao trabalho. Kyrian saiu da sala, retirando um revólver de ultra-sons da gaveta, preparando-se mentalmente para o que poderia acontecer. A morte fora coisa que nunca o tinha assustado, talvez até ali, que nunca tinha sentido o que era de facto a morte, mais do que o deixar de existir, a perda de uma vida, e de todos os sentimentos gerados por isso. Perdera o seu melhor amigo e sabia que o seu avô em breve iria ter o mesmo destino devido à leucemia avançada que tinha, em muito causada pela exposição à radiação excessiva usada para eliminar as Quimio-rads. Era tudo o que Kyrian não queria, perder a única figura paternal e a mais parecida figura maternal que tinha. “Porquê?” Kyrian debruçou-se sobre a Viperon do amigo e deslizou suavemente as mãos na caixa de reconhecimento.
                - Activar duas turbinas – Disse quase inaudível e olhando perdido para a linha do horizonte enquanto a mota erguia – Espero que estejas comigo Trace. Vamos a isto – Acelerou e desapareceu em direcção à torre Ómega.

 - LIGAÇÃO BLOQUEADA -
- SEM SINAL -

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Convidados Indesejáveis (3ª parte)




- LIGAÇÃO RESTABELECIDA -

"Oops... Acho que o Kane descobriu a nova transmissão... Vou terminar antes que ele me localize."


- Continuando a descarga de ficheiro 002.rg8-
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>>Nome de ficheiro: Convidados Indesejáveis (3ª Parte)

-Em reprodução-


                - O que é que você esta aqui a fazer? – Questionou aproximando-se de Kyrian com o bastão apontado ao pescoço dele.
                O zumbido na cabeça de Kyrian estava a tornar-se praticamente ensurdecedor, não permitindo sequer pensar. “Que é que se está a passar com a minha cabeça?”
                “Kyrian…” Falava uma vozinha baixinho aos ouvidos… “Kyrian… ian, ian, ian, ian… Tralálálá… KYRIAN!” O zumbido alastrou-se no corpo, ecoando pelos braços de Kyrian, estremecendo de forma incontrolável. Sentiu um ímpeto para agarrar o bastão eléctrico, ao qual obedeceu, forçando os dedos a entrelaçarem-se no braço do guarda. “Kyrian… hahaha” Dizia a mesma vozinha “Kyrian, ian, iananánáná… KYR-IAAAANN!!”
                -AARGH! – Gritou com toda a força Kyrian, tentando ver-se livre da voz que o irritava, zumbindo na sua cabeça. Fechou os olhos, e contorcendo todos os músculos do seu corpo, gritou, sentindo as vibrações que o rodeavam a serem conduzidas para os braços, desvanecendo-se nas pernas e no tronco, mas aumentando em grande tensão nos braços, por fim estes deixaram de vibrar…
                “Ian, Ian… Ian, ian… hahaha, kyrian…” A voz tinha desvanecido… Kyrian abriu os olhos, para constatar o desaparecimento do guarda … não: O guarda tinha sido reduzido a cinzas, restando na sua mão um objecto completamente esturricado, que Kyrian deixou automaticamente cair, levando as mãos à boca.
                -Que é que eu fui fazer… Como?
               “Kyrian! Despacha-te! Guardas! Montes de guardas!” – Disparou o intercomunicador, relembrando a sua missão a Kyrian.
                -Claro… - Kyrian olhava para a sala, perdido no seu próprio raciocínio… - Certo… Os geradores…
                Aproximou-se das máquinas e começou a digitar códigos de acesso. Um menu atrás de outro foram aparecendo na parede, até que por fim, todos os menus desapareceram e toda a sala ganhou tons vermelhos e um pilar se elevou do centro do chão com um ecrã que pedia a introdução da palavra mestre.
                - Kuala… er… Kuala qualquer coisa… - Kyrian olhava em redor e tentava lembrar-se da outra palavra, andando às voltas. – Vá lá! Vá lá!
                “MEXE-ME ESSAS BANHAS IAN! Estamos cercados e a ouvir estrondos enormes!” – Apitou o intercomunicador.
                - LUMPUR! A palavra-chave é – olhou para o monitor e disse – Kuala Lumpur. – A sala vermelha, tornou-se verde e um novo menu apareceu com opções de modificar a distribuição de energia e os sistemas de segurança – Desactivar todos os sectores de energia. Pensando melhor - Fez uma pausa olhando para o mapa da sala - Activar mecanismo de segurança da sala 7. Apagar luzes.
                Kyrian espetou o punho no botão azul do pilar e este recolheu. Olhou para o resto de cinzas no chão e virou a cara: Agora não era altura para pensar naquilo, os amigos precisavam dele.
                “Estou a ir, agarrem em tudo o que possam e fujam para a sala 7, estou a ir para lá!” – Enviou para os intercomunicadores.


-LIGAÇÃO INTERCEPTADA-
-A RECONFIGURAR TRANSMISSOR-
(...)
-NOVA LIGAÇÃO EM 10 MINUTOS- 

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Convidados Indesejáveis (2ª Parte)




- LIGAÇÃO RESTABELECIDA -

"Acho que o Kane deve estar a passar um mau bocado... heheh... Vou continuar o envio do último ficheiro. Se encontrarem o Kyrian digam!"


- Continuando a descarga de ficheiro 002.rg8-
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>>Nome de ficheiro: Convidados Indesejáveis (2ª Parte)

-Em reprodução-

                -Preparem-se… - Disse Kyrian – Daqui a nada lá em baixo vão entrar os convidados, temos de nos dispersar, mantenham os intercomunicadores ligados para o caso de serem precisos, roupas de gala e afins… Tudo ali naquele canto – Apontou para um conjunto de cacifos velhos.
                - Desculpa – Lance começava-se a despir caminhando na direcção dos cacifos – Onde é que tu foste buscar estas fatiotas todas? – Retirou um dos fatos e apontou – Feitos à medida…
                - Digamos que tive de visitar alguns dos melhores fornecedores de roupa na cidade – Disse rindo.
                Celine acabava de sair por detrás de dois cacifos, com metade do cabelo apanhado e o resto solto, os seus olhos estavam pintados, sobressaindo a sua cor verde clara. O vestido justo, mostrava o seu corpo de mulher, geralmente oculto pelas roupas de cabedal largas que costumava usar. Trace, Lance e Kyrian ficaram especados a olhar enquanto Celine apertava as sandálias.
                - O quê?! – Disse Celine assustada olhando para um espelho – Tenho maquilhagem a mais?
                - Não – Disse Trace absolutamente deslumbrado – Estás espantosa, apenas isso.
                Celine corou, ficando a olhar para Trace, sem palavras. Lance suspirou e abanou a cabeça sorrindo.
                - Pessoal, a sério… Não podem guardar momentos desses na vossa intimidade? É que temos mesmo que nos despachar – Disse Kyrian a sorrir.
                Celine e Trace assentiram sorrindo um para o outro e depois olhando para Kyrian.
                - Trace? – Chamou Lance.
                - Sim? – Disse Trace.
                - Que tal parares de fazer essa carinha de parvo e te ires arranjar? – Disse Lance ajustando o colarinho do seu fato. Passados 5 minutos estavam todos prontos. Kyrian estava com o cabelo apanhado, de fato e sapatos, tal como Trace, Celine e Lance. Contudo, por debaixo das roupas, estavam os dispositivos que iriam usar para o assalto das jóias.
                Entraram todos num elevador de serviço, Kyrian sacava de uma navalha lazer para destruir a caixa de comandos do elevador, mas Lance retirou-lhe da mão a navalha, retirando da pequena mochila que levava um cabo, que ligou à placa que levava no braço e depois de digitar alguns códigos, a porta de elevador fechou. Os convidados especiais estavam a descer.
                A porta do elevador abriu-se revelando uma panóplia de individualidades do mundo de elite. Por entre uma multidão de gente conhecida e desconhecida, Kyrian e os seus amigos dissiparam-se na multidão, varrendo a área para mais tarde executarem o plano de roubo das jóias.
                Um salão enorme, com vários púlpitos de pedra, ornamentados a lazer, superficialmente e escondendo verdadeiras muralhas digitais. Nos dias de hoje era virtualmente impossível ultrapassar as defesas digitais, ou pelo menos, assim faziam as pessoas acreditar.
                “Vamos precisar de distracções” – Apitaram todos os intercomunicadores, com a mensagem vinda de Kyrian. “Trace, vem para a Ala este, prepara-te para uma discussão” Receberam os três a mensagem vinda de Lance. “Ok.”
                Na ala Norte, Kyrian encontrava-se no centro das intersecções dos 10 púlpitos, subindo ligeiramente a bota, fez uma lâmina de quartzo deslizar por uma saliência da borracha e com rapidez, pressionou um golpe no chão atingindo a corrente eléctrica primária do salão. Durante 5 segundos houve uma falha na iluminação mas esta voltou ao estado inicial.
                “Onde é que está a corrente secundária?” – Enviou Kyrian para os outros intercomunicadores. “Eu descubro num instante” – Respondeu Celine, deslocando-se para uma porta.
                - Proibida a entrada – Leu ela através do ecrã metalizado – Pois… Pois sim, claro…
                A porta de aço estava cerrada e um leitor de impressões digitais piscava intermitente. “Isto dá-me uma ideia” Pensou Celine, repuxando o peito, fazendo salientar os seus atributos dentro do vestido de gala e aproximando-se de um segurança no recinto.
                - Desculpe, não sei se me pode dar uma mãozinha… - Irrompeu Celine olhando provocatoriamente para o guarda.
                - Algum problema? – Perguntou o segurança olhando para ela.
                - Sim, está a ver… Caí e não sei o que se passa com o meu tornozelo – Choramingou Celine, notoriamente a tentar seduzi-lo – Pode ver se estou com algum problema? – apoiou-se no ombro do guarda e este desviou-se das mãos dela.
                - Não estou autorizado a ter este tipo de conversação e além disso devia saber que sou…
                Celine imediatamente espeta um golpe de atordoar no pescoço do segurança e segura-o, colocando-se por debaixo dele, para não cair ao chão.
                - Todos gays, eu já devia estar à espera… Uma mulher já não tem hipótese com estes seguranças… - Resmungava enquanto discretamente abraçava o segurança adormecido, arrastando-o para a porta.
                Colocou a mão do guarda no leitor e a porta abriu-se. Ao entrar pela porta, atirou o guarda para o chão, retirando do seu colete uma arma de atordoar e um bastão eléctrico. “Já estou a caminho” – Enviou para o intercomunicador de Kyrian.
                Kyrian observava calmamente os púlpitos e esperava pacientemente ouvir notícias dos seus amigos, mas foi então que reparou no ecrã central, que ia passando imagens alusivas ao que dizia:
                “As joalharias da família Dilan circulam pelo mundo há vários séculos, sendo que muitas destas peças de arte intemporais foram recuperadas dos destroços de antigas civilizações escondidas neste mesmo local, aquando a construção da última megacidade humana. Foi em 2655 que um grupo de famosos cientistas, historiadores, arquitectos e físicos, juntamente com a mais recente tecnologia de transporte e construção, iniciaram a criação da cidade. Para isso, foi necessário criar várias fundações ao longo das ruínas de um antigo forte que aqui existia. Os habitantes do início do milénio referiam-se ao forte como Derawar, localizado entre o Paquistão e a Índia, actualmente classificados como área 15 e 17, respectivamente”
                “Distracções a caminho” Enviou Lance para os amigos.
                Um segundo depois, uma enorme estátua dourada de um antigo gerreiro grego cai no chão, disparando os alarmes da central, uma multidão começa aos berros e começa-se a ouvir ao longe as vozes de Lance e Trace. “Foi ele o culpado!” “TU É QUE ME EMPURRASTE OH MEU GRANDE PARVALHÃO!”, seguem-se insultos e começam-se a ouvir estrondos, dos rapazes a lutar.
                - Não podiam ser mais originais? – Pensou Kyrian – Já é a quarta vez que me lembro de fazerem isto...
                “Kyrian... Sete guardas... Dava jeito uma mãozinha... ou duas! Sala dos seguranças, rápido!” Enviou Celine. Kyrian apressou-se a chegar à porta, mas assim que entrou dentro da sala, perdeu a força nas pernas, caindo com as mãos no chão... Começou a ouvir um zumbido atrás da cabeça que começou a vibrar pelo pescoço para os braços, tronco e pernas, que se dissipou no solo, fazendo com que Kyrian recuperasse as forças, mas ao abrir os olhos, algo se passava.
                - Que é que aconteceu... – Kyrian colocava as mãos em frente aos seus olhos, mas o tom da sua visão tinha alterado para azul, conseguindo ver todas as coisas de uma maneira translucida. – Como é que...
                - Como vim aqui parar? – Dizia o guarda que se acabava de levantar do chão, olhando em redor e reparando que estava sem armas. – Como vieste TU aqui parar?
                Kyrian olhou para trás e hesitantemente sorriu.
                - Er... Eu sou... Sou um novo segurança aqui...
                - Ai sim? – Perguntou o segurança olhando-o de alto abaixo - Então mostra-me o teu distintivo.
                - Acabei de dizer que sou novo aqui, ainda não o recebi – Mentiu Kyrian descaradamente.
                - Vens comigo à central, agora... Quero tirar esta história a limpo! – Disse o segurança, agarrando Kyrian por um braço e quase o arrastando à força.
                Ao aproximarem-se da central de comandos fizeram-se ouvir estoiros do corredor à esquerda de onde apareceu Celine, evitando golpes seguidos de dois guardas.
                - SÓ AGORA?! – Gritou Celine olhando para Kyrian e evitando de seguida um ataque protegendo-se com o bastão eléctrico do guarda – Já me davas uma ajuda.
                O guarda olhou furioso para Kyrian ao perceber a mentira, ao que Kyrian sorriu embaraçadamente, mas num segundo depois rodopiou por detrás do guarda, desprendendo o seu braço e apanhando os dois pulsos do guarda, empurrando-o para cima dos outros dois que tentavam atacar Celine.
                - Corre, avisa os outros, eu trato deles.
                Celine assentiu, mas assim que se dirigia para o salão, o guarda agarrou-lhe a perna.
                - Tu não fizeste isso... – Soletrou calmamente Celine. Kyrian riu-se deixando-a para trás. Assim que abandonou a sala, Celine agarrou no bastão eléctrico, disparando com toda a força no braço do segurança, que ficou paralisado imediatamente. Os outros dois levantavam-se agora, olhando furiosos para Celine. Celine fez um gesto simpático de deixar caír o bastão.
                - Oops... Er... Foi sem... – Parou de falar, vendo o terceiro segurança a recuperar a força – Rapazes... – falou baixinho virando-se lentamente para trás – RA-PA-ZES!! – Gritou começando a correr tanto quanto os saltos deixavam, sendo perseguida pelos seguranças.
                Kyrian estava agora a aproximar-se da central, sentindo as vibrações outra vez a voltarem, com aquele zumbido irritante... Novamente a visão passou a ser o seu elemento central de preocupação, via através da porta, vendo os seguranças a movimentarem-se olhando para os monitores constatando os vários distúrbios a ocorrer, dos quais se destacaram 3 seguranças que estavam a dirigir-se para a porta para salvaguardar a situação. Kyrian saltou imediatamente para o tecto, estendendo as mãos e accionando as duas lâminas de quartzo nas botas, prendendo-se à parede, tornando-se indetectável à primeira vista. Como esperado, os guardas passaram a correr por baixo dele, sem darem pela sua presença. Ficou um último segurança na central, o superior hierárquico segundo a lógica à qual Kyrian estava habituado. Retirando as laminas da parede e soltando as mãos, deslizou pela parede, avançando para a porta. Era de metal, mas sem defesas, apenas um fecho em barra, que Kyrian deslizou para baixo, fazendo a porta abrir, emitindo um som de pequeno propulsor.
                O segurança olhou imediatamente na direcção da porta a abrir retirando o seu bastão do colete e fazendo um movimento repentino com ele, aumentando-o.


-LIGAÇÃO INTERROMPIDA-
-TENTATIVA DE LIGAÇÃO EM 1 DIA-

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Convidados Indesejáveis (1ª Parte)





- LIGAÇÃO RESTABELECIDA -

"Olááá! Sou a Cynthia! Faço parte da unidade Blackout de Alfa Cron. Desactivei o terminal do Kane, hehehe. Por esta hora ele deve andar aflito porque não vai fazer a missão dele... Mas pronto, eu tambem lhe roubei alguns ficheiros... Acho que é este! (...) AH SIM! Eu sei que me estão a ouvir, vejo aqui luzes a piscar! Encontrem o Kyrian por nós, ok?! É muito importante! Adeusss!"


-Procedendo à descarga de ficheiro 002.rg8-
>>Descarga Incompleta.

>>Nome de ficheiro: Convidados Indesejáveis (1ª Parte)

-Em reprodução-

                A mota sobrevoava a cidade, de encontro à localização dada pelo seu amigo Trace. Agarrado à mota, colocou as mãos de novo na caixa de reconhecimento e desactivou o piloto automático.
                - Vamos lá acelerar isto um bocadinho – Gritou Kyrian ouvindo-se a si mesmo fazendo a mota descer a pique para perto do chão, centenas de pessoas circulavam pelo chão e apontavam nos ares ao ver a mota a quase despenhar-se – Eeeeee… VIRA – Puxou a mota o mais à direita e cortou por entre dois prédios bastante juntos.
                A cidade estava repleta de pessoas, sentia-se o calor humano e as vozes de tanta gente ecoavam pelo ar, ouviam-se gritos e risos… Nada de novo para Kyrian que estava habituado a sobrevoar por entre a multidão.
                Mais a frente, Kyrian observou uma mota a vir de encontro à sua, era de outro amigo que se dirigia para o mesmo ponto de encontro que Kyrian. “Bora uma corrida?!” Recebera Kyrian no seu intercomunicador. “Estava a ver que nunca mais perguntavas Lance” Respondera e acelerou passando por baixo da mota.
                Na central da fortaleza um despique de motas voadoras começou. Kyrian acelerou, rodopiando com a mota pela parede de um edifício e vendo o seu amigo a levantar a mota para o topo. “Mariquinhas, chamas a isso corrida?” Enviou pelo dispositivo. Pouco depois e à sua frente cai a pique a mota de Lance, seguida por outra, acabava de se juntar à corrida a sua amiga Celine. “Vocês são mesmo uns totós, chamam a isto de corrida?!” Apitaram os dois intercomunicadores.
                Kyrian sorriu e acelerou ficando lado a lado com Celine e olhou para esta deitando a língua para fora e acelerando de novo, mas mal olhou em frente, a mota espeta-se num poste e Kyrian cai para o nível de solo. “Wow, essa foi inteligente mauzão” – Apitara o dispositivo.
                -Vá, vá, liga logo os sistemas motinha, não me abandones, vá lá!!! – Kyrian espetou um murro lateral na moto e esta automaticamente arrancou, deixando-o estupefacto, nunca tinha visto uma moto arrancar depois do espetanço que Kyrian tinha tido contra o poste – O meu avozinho arranjou-me mesmo uma moto e peras…
                “De volta à corrida!?” Brincou Lance na sua dianteira. “Ri-te, ri-te, prepara-te para ouvires o som da turbina a passar por ti” Kyrian esticou o seu corpo na mota, ficando quase deitado na moto fazendo com que a parte dianteira, deslizasse da traseira. Ao deslizar totalmente, uma terceira turbina foi accionada e a moto, disparou para a frente. Kyrian raramente usava a terceira turbina, mas nunca perdera uma corrida e não iria ser agora. Ao passar ao lado de Lance, viu o sorriso trocista dele, activando também a sua terceira turbina. “Queres festa, hem?!” Lá a frente, Celine estava a ir de encontro a um edifício. “Que é que ela vai fazer?! VAI-SE ESPETAR!” Mas assim que a moto se encostou ao edifício, Celine puxou-a para trás, fazendo com que as turbinas trepassem pelo arranha-céus. Vários vidros estalaram, com a pressão das turbinas impossibilitando que os seus amigos a seguissem. “Miudinhos, ainda têm muito que aprender” Kyrian e Lance riram-se entreolhando-se, Kyrian retirou a mão da caixa de reconhecimento e fez sinal para Lance, com 4 dedos. Lance ficou de boca aberta. “Nem penses, estás doido?!” Kyrian riu-se e piscou o olho, voltando a meter a mão na caixa de reconhecimento e premindo o botão no fundo da caixa, que pediu o seu reconhecimento de novo. “QUARTA TURBINA: ACTIVAR?”
                - ACTIVAR – Berrou Kyrian, fazendo com que a moto se desactivasse momentaneamente enquanto as quatro turbinas eram activadas. Durante dois segundos a mota caiu deixando Kyrian para trás, mas assim que os 4 reactores das turbinas se ligaram, Kyrian foi disparado para a frente com velocidades semelhantes à do som, os vidros em redor vibravam e alguns chegavam a estalar com a propulsão sentida. Lance ficou para trás, ficando apenas na corrida Kyrian e Celine.
                “É impressão minha ou estou a ver 4 jactos atrás da mota?!” Apitou o intercomunicador de Celine. “Impressão vai ser senti-los a passar pela tua mota” Enviou Kyrian rindo-se e elevando-se para o nível de Celine. Lado a lado estavam a cerca de 2 minutos do ponto de encontro. Uma torre enorme erguia-se. Estavam a chegar à torre Ómega 1. Provavelmente era ali que Trace estava. “Bom, eu não queria tirar o pó do meu quarto reactor, mas vai ter de ser” Ao seu lado a moto de Celine cai e de repente ouve um berro.
                - ACTIVAR – Ao ouvir o berro, a sua moto sofre um abalo em pleno ar, com a pressão das quatro turbinas em pleno. Rapidamente a moto de Celine ganhou terreno e lado a lado uma da outra, o ar era cortado. A torre Ómega 1 era constituída por centenas de andares, sendo que nalguns níveis superiores da torre, o seu diâmetro alargava formando uma enorme pista de aterragem no seu topo. “Estou cá em cima. Um depósito de Substract para quem chegar cá em cima primeiro!”
                Celine deslizou totalmente ficando deitada na moto, acelerando para a frente, ultrapassando Kyrian… “Mas é que nem penses” – Apareceu no visor dela. Kyrian rodopiou a moto ficando com os propulsores virados para a moto de Celine e acelerou o máximo por eles, obrigando Celine a desviar a sua rota. “Não tens vergonha de fazeres isso a uma rapariga inocente como eu?!” – Ironizava Celine. “Nenhuma.” – Respondeu Kyrian acelerando a moto e começando a trepar horizontalmente a torre, enquanto que Celine subia pelo lado oposto, então, ambos começaram a cruzar-se por cada nível que subiam por cada nível que trepavam, fazendo com que o metal de que a torre era feito, ficasse marcado pela pressão das motas.
                Na recta final dos níveis, quando Celine e Kyrian acabavam de se cruzar, algo passa por entre os dois, fazendo as duas motas rodopiarem. Sem perderem mais tempo Kyrian e Celine arrancaram para o topo da torre numa corrida tresloucada. “Meu querido, não é desta que levas um depósito de Substract!” “Se fosse a ti, não tinha tanta certeza!” Kyrian acelerou ao mesmo ritmo de Celine e tal fora o impulso que ambos deram nas motos que estas literalmente saíram disparadas da superfície da torre, ficando centenas de metros acima do topo, apressando-se a regressar ao grande terraço. Mas ao chegarem depararam-se com Trace acompanhado de Lance.
                - Isto não é nada justo! – Disse Kyrian saltando da mota e dirigindo-se a Lance.
                Lance apenas se ria rodopiando os olhos. Trace acabava de descarregar uma dose de Substract para dentro da mota de Lance, aumentando assim a potência da mesma e o rendimento do combustível.
                - Não sabia que estava nas regras usar recursos para além da moto, menino Lance. – Disse Celine sorrindo.
                - Ora malta deixem-se os dois de dramas, vocês os dois apenas perderam porque estavam a fazer um show de pura exibição. Eu apenas me concentrei no caminho e deixei-vos fazer o vosso joguinho. – Disse Lance rindo…
                Celine sorriu com uma mão na cintura e outra libertando o capacete da cabeça, deixando que os seus longos cabelos negros se soltassem…
                - Hey, hey, hey… Desde quando é que pintaste o cabelo?! – Perguntou Lance.
                - E eu lá tinha pachorra para pintar o meu cabelo – Respondeu Celine. Rindo-se e deixando os seus amigos confusos – Mas em que ano é que vocês vivem? Manipulação genética meus caros… Manipulação genética.
                - E desde quando é que desperdiças dinheiro nisso? – Perguntou Trace estranhando Celine.
                - E desde quando é que tens alguma coisa a ver com isso? – Perguntou Celine sorrindo.
                Kyrian e Lance aproximaram-se um do outro e afastaram-se ligeiramente dos outros dois.
                - Oh não… - Segredou Lance para Kyrian – Lá vão eles…
                - Tens razão, não tenho mesmo nada a ver com isso – Riu-se ironicamente Trace.
                - Discutir? – Perguntou Kyrian segredando e rindo-se também.
                - Mas para que conste, foi-me oferecido.
                - Vamos embo… - Disse Lance colocando a mão no ombro de Kyrian.
                - FOI O QUÊ?!
                - Oferecido – Disse Celine dando um passo a frente, atirando o cabelo para trás dos ombros e sorrindo provocatoriamente para Trace.
                - QUEM É QUE… - Gritava Trace atirando o capacete ao chão.
                - HEY! – Disse Lance avançando para o meio dos dois – Acalmem-se os dois, tratam desses problemas depois. Estamos atrasados… para o caso de não terem reparado. – Sem esperar resposta caminhou com Kyrian para a entrada no topo do edifício.
                Trace olhava silencioso para Celine, enquanto esta digitava um controlo na moto. Ao afastar-se da moto, carregou num dos controlos da chapa colada no braço e a moto ficou gradualmente invisível. Trace ajeitou o casaco e olhando para o chão, deu um pontapé numa pedra que se tinha solto do betão.
                - Desculpa… - Segredou.
                - Não ouvi nada – Disse esta atirando o capacete de uma mão para a outra e aproximando-se de Trace.
                - Eu disse… Desculpa – Olhando nos olhos de Celine – Não queria gritar contigo, apenas não pensava…
                - O meu pai, Trace… - Disse Celine batendo com a mão no ombro deste – Foi o meu pai…
                Celine afastou-se sorrindo e segredando algo como “És mesmo tonto…”. Trace esperou que Celine se afastasse e retirou do casaco uma pequena caixa que abriu. Olhou para duas pulseiras de um metal perfeitamente ornamentado e brilhante. Em cada uma das pulseiras, uma inscrição deslizava num pequeno ecrã: “Aceitas que te ame?”. “És mesmo tonta…”, pensou. Retirou uma das pulseiras, colocando-a no pulso, escondido pelo casaco. Aproximou-se do local onde sabia que estava a mota de Celine e com a mão sobre ela, digitou um comando na sua chapa, fazendo-a reaparecer. Colocou a outra pulseira pendurada no guiador correspondente ao painel de aceleração. Voltou a tocar na chapa fazendo a moto desaparecer e entrou dentro do edifício.


   
 -LIGAÇÃO INTERROMPIDA-
-TENTATIVA DE LIGAÇÃO AMANHÃ- 

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A Última Fortaleza (2ª Parte)




- LIGAÇÃO RESTABELECIDA -
 

"Vou proceder à conclusão do último ficheiro. Obrigado a quem está a receber as minhas ligações... O Kyrian está por aí algures... Encontrem-no!"


-Procedendo à descarga de ficheiro 001.rg8-
>>Descarga concluída. 

>>Nome de ficheiro: A Última Fortaleza (2ª parte)

-Em reprodução-

 
- Ian… tenta perceber o teu avô.
- Não me chamo Ian, chamo-me Kyr…ian… - Disse sílaba a sílaba controlando a sua agressividade – E o Henry sempre me disse que devíamos ser justos e que esta cidade não repartia as oportunidades e riquezas de maneira equilibrada, que alguém devia restituir esse equilíbrio.
- Mas não a ir contra a lei Ian! – Disse o velho gritando, fazendo um gesto repentino e atirando com a caixa dos bolos ao chão. Kyrian levantou-se e olhou para os bolos espalhados, enquanto um veio a rebolar e lhe bateu no pé. Kyrian perdeu a calma.
- EU CHAMO-ME KYRIAN! E QUEM É VOCÊ PARA ME VIR DAR LIÇÕES DE MORAL, QUE NEM SEQUER SE COMPORTA COMO UM AVÔ!
O velho ficou estático com os olhos trémulos, uma lágrima caiu-lhe do rosto, mas mantendo a mesma postura altiva.
- Tens razão, eu não sou teu avô sequer… Mas não foi pelo facto de não o ser, que te deixei de dar todas as condições que qualquer jovem como tu precisou para crescer feliz…
- Feliz?! – Kyrian olhou com uma face irónica para o velho, rindo-se para o chão – Vossa excelência… Henry Arstov, fez tudo para me fazer feliz? E isso foi exactamente quando? No período em que me deixavas sozinho em casa semanas a fio?
- Não estás a ser razoável!
- Nem sei o que estou aqui a fazer, nem porque raio lhe vim dar explicações… Sempre preferiu a sua vida militar a criar-me, sempre preferiu dedicar-se a missões do que a tomar conta de mim… E agora que já não é preciso, quer-me vir dar lições de moral – Disse Kyrian em cólera.
O homem baixou-se pelo chão, apanhando os bolos que deixara cair de rosto voltado para baixo, colocando-os na caixa. Kyrian conseguia perceber lágrimas a cair no chão… Aquela imagem sensibilizara-o e fizera ver o quão injusto estaria a ser… Apanhou o bolo aos seus pés e aproximou-se do avô, colocando o bolo na caixa.
- Desculpe – Disse Kyrian quase inaudível.
O velho permaneceu silencioso colocando os bolos na caixa. Sobrou um bolo que estava na ponta da sala, Kyrian levantou-se para o ir buscar, mas ao aproximar-se, o bolo começou a rodopiar pelo chão, em direcção ao seu avô, ao bater na caixa, rodopiou por cima e entrou dentro dela. Então Henry fechara a caixa e colocara-a de novo sobre a mesa.
- Desculpe a sério que não foi por…
- Não te retraias Kyrian – Disse o velho olhando pela janela, de costas ao seu neto – Tu tens razão em muita coisa do que dizes…
Kyrian ficara sem expressão, desviando o seu olhar para o chão e remexendo o cabelo, pensando no que dizer…
- Kuala Lumpur – Disse o velho.
- Desculpe? – Disse Kyrian olhando de novo para o seu avô, que olhava agora para si recomposto…
- O código do museu onde os Dilan vão expor as jóias - Kyrian estava absolutamente boquiaberto com o que estava a ouvir – Já que vais fazer um crime, ao menos fá-lo de maneira a não deixar rastos, combinado? E é bom que tu e os teus amigos façam o serviço rápido, pois a qualquer momento os sistemas reactivam-se, estão configurados contra desbloqueios que não foram programados na central e por isso, assim que detectarem a falha, voltam a ligar-se.
- Como é que…
- Eu sei isto? – Disse o velho sorrindo – Bom sabes, a minha “vida dupla” trás consigo as suas vantagens – Disse de maneira quase irónica – nomeadamente a de saber…
- Todos os códigos da central – Disse Kyrian sorrindo – Henry… Tu mereces o título que te dão!
- O título?!
- Todos os que trabalhavam contigo, que moram no topo da cidade referem-se a ti como “espectro”, o homem capaz de penetrar qualquer defesa…
- Faz alguns anos que não ouvia esse nome – Disse suspirando e olhando pela janela para o fundo da cidade – A vida lá fora é complicada… Tens de ter cuidado! – Tocando no vidro da janela, novamente várias luzes se ligaram mostrando vários canais de difusão e carregou no noticiário que estava mais próximo de si e este alargou-se ocupando todo o vidro da janela e dando voz ao jornalista.
“(…) E eis que depois de vários anos, vai ser realizado o primeiro lançamento ao espaço da nave Echo, com fim a descobrir planetas com os recursos necessários para o repovoamento da espécie humana. (…)” Na janela, passavam várias imagens da nave, um modelo optimizado, com recurso de energia foto voltaica de alto rendimento, super liga de aço leve, que lhe conferia uma rapidez muito superior aos modelos anteriores às grandes guerras. Era também extremamente fina tendo proporções muito pequenas. Apareceu então o jornalista a entrevistar a equipa de astronautas que ia levar a missão em curso. “(…) A equipa é constituída por 9 elementos que foram treinados meses a fio para este desafio, resta esperar e rezar para que este Echo da Humanidade seja escutado pelos Deuses (…)”
Henry encostou-se na cama a rir com aquelas palavras… Kyrian aproximou-se e sentou-se ao lado do seu avô.
- Não acreditas nisto?
- Ian – Disse devagar, esperando reacção do seu neto, mas este não se manifestou e então prosseguiu – Sabes o que penso? É que se formos habitar outro planeta, vamos destruí-lo mais depressa ainda que destruímos a Terra.
Kyrian escutava com atenção o diálogo do seu avô tentando entender os seus motivos.
- A raça humana esteve sempre a destruir aquilo que lhe foi dado, agora que a natureza se cansou de suportar os caprichos do Homem, ele decidiu ir à procura de mais sítio para escavar, matar, arrancar, esgravatar… Chamar-nos parasitas seria pouco.
Kyrian encostou-se à janela…
- Talvez tenhas razão avô… Talvez a espécie humana não seja assim tão boa, mas olha para nós… Milhões de anos depois do aparecimento da Terra e aqui estamos, resistindo aos nossos próprios ataques…
- Como parasitas... – Disse o seu avô.
- Ou como lutadores – Disse Kyrian sorrindo e indo de encontro ao olhar do seu avô.
O avô sorriu e assentiu com a cabeça…
- Lembras-me a tua mãe… Sempre a esperar as melhores coisas do Homem… Pobre Rahissa, que a sua alma esteja em descanso…
- A minha mãe…
- Ainda antes de tu nasceres e a tua mãe já te amava, é impossível esquecer o sorriso dela quando soube que estava grávida… E o Charles… O Charles estava radiante.
Kyrian colocou a mão por debaixo da sua camisola e sentiu um pêndulo que guardava de recordação do seu pai…
- Ian, tu foste uma criança muito desejada… Pelo teu pai, pela tua mãe e até por mim… - Henry limpou a cara das lágrimas que agora lhe caiam com frequência – Eu vi nascer a tua mãe, criei-a, brinquei com ela, treinei-a… Eu era o pai dela… Mesmo não sendo ela do meu sangue… E tu, a mesma coisa. – Henry olhou para o rosto do seu neto e levantou-se aproximando-se – Nunca digas que não te amei, como um avô ama um neto. Eu sei… Nunca fui um avô presente, mas tudo o que fiz, foi para que tu pudesses viver neste mundo com a esperança e amor que levas pela humanidade. Foi por ti e pela memória dos teus pais que eu lutei com todas as minhas forças, até à exaustão.
Kyrian olhou para os olhos brilhantes do seu avô. Sem pensar mais abraçou-o e sorriu…
- Eu amo-te e para mim serás sempre o meu neto Kyrian…
- Avô… Chama-me Ian… - Disse Kyrian sorrindo, mas assim que terminou a frase, do seu braço disparou um som que ecoou na sala.
Kyrian soltou o seu avô e bateu numa chapa em redor do braço e esta deslizou, revelando um ecrã.
- É o Trace – Disse olhando para o avô – Está a dizer para me encontrar com ele na Torre Ómega…
O avô assentiu, e retirou dois bolos da caixa, entregando um ao seu neto. Kyrian sorriu e comeu-o enquanto agarrava na mochila e a punha as costas… Ao abrir a porta sente algo a passar-lhe pelo cabelo…
- Toma cuidado Ian – Disse o seu avô com um gesto como se estivesse a fazer-lhe uma festa na cabeça.
Kyrian assentiu sorridente a olhar para o avô e então fechou a porta. Caminhou pelo corredor de pacientes terminais do Hospital 3rd Paradise, até atingir o elevador.
Dentro do quarto de Henry, a janela tinha voltado ao ecrã inicial.
- Estás a fazer o tracking, Tellason?
- É claro Espectro… e já o encontrei, ele está a descer o elevador… Dentro de breves horas, o descodificador que o fizeste engolir vai desactivar o neuro-chip dele.
- Perfeito! – Disse sorrindo – Prepara uma cópia de todas as minhas memórias registadas… Deverá chegar às mãos do Ian se alguma coisa me acontecer… Está é a última missão que te entrego, meu fiel companheiro, até os teus circuitos devem precisar de descanso.
- Foi um prazer servir-te Espectro… centenas de anos às mãos do Homem e ainda não criaram sentimentos nas nossas máquinas, mas sabes… Nestes meus últimos dias de vida, reparo numa frequência de dados que nunca soube explicar, penso ter descoberto o que são sentimentos e lamento tal facto… Não foste meu mestre ao contrário do que era suposto, mas sim meu “amigo” se é que esse tipo de relações existe entre um homem e um MEHCA. E é por isso que lamento sentir, porque sinto que vou perder a pessoa pela qual tenho mais afecto neste planeta.
O velho sentou-se na cama olhando para o grande ecrã…
- Tu e os teus discursos – Disse rindo, escondendo a cara do ecrã – Muito gostas de dramatizar meu amigo – Tentou desvalorizar – Só quero que me prometas que fazes tudo ao teu alcance para protegeres o meu neto… - No ecrã a face metálica assentiu.
Dois andares abaixo, Kyrian estava a entrar no terraço onde tinha a sua Viperon, uma mota muito especial, que tinha sido oferecida pelo seu avô. Ao sentar-se, deslizou as mãos para dentro de duas caixas laterais, que procederam à sua leitura digital e do ecrã um laser analisou as retinas de Kyrian. A seguir à mensagem “Passageiro reconhecido” da base da mota saíram duas pequenas turbinas sónicas que se activaram de imediato, elevando a mota do solo.
Ao olhar de novo para a entrada do terraço viu um ecrã gigante com letras verdes que deslizavam com a seguinte mensagem:
Esta é a sua casa… A sua última fortaleza… Ajude a manter a paz no seu lar… Seja justo”
Kyrian sorriu, retirando uns óculos da sua mala.
- Apenas a cumprir o meu dever como cidadão… Apenas o meu dever… - Sorriu.
A mota arrancou pelos ares, por entre os vários arranha-céus, levando Kyrian ao seu próximo destino…
- LIGAÇÃO INTERROMPIDA -
-TENTATIVA DE LIGAÇÃO EM 1 DIA-

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